709.8109034 L54 gru 1980
O Grupo Grimm : Paisagismo Brasileiro no Século XIX
[LIV]. --
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1980. --
"Julgamos que agora se começa a traçar definições sobre a vida artística no Brasil, tanto no terreno erudito como no popular. No caso deste livro de Carlos Roberto Maciel Levy, está em causa o primeiro. Um marco importante de nossa pintura, com o enfoque preciso, aparece no correr das influências dos artistas da Missão Francesa de 1816, exatamente quando seus frutos se demonstravam em toda a grandeza, pela obra da segunda geração preparada sob os aparatos neoclassicistas daqueles mestres. Os métodos rígidos do trabalho restrito ao interior dos ateliês escolares, os limites severos de suas quatro paredes, os jovens subordinados à monótona visão da luz coada de janelões envidraçados e das sombras enegrecidas pela ausência de reflexos. Georg Grimm surge nesse momento como um grito alarmante, um gesto desesperado, naquele cenário enfastioso que tinha prosseguimento, sem que a saturação o parecesse abalar. Chamado para desincumbir-se do ensino de paisagem na Academia Imperial das Belas Artes, o pintor alemão se mostra irrequieto naquelas exíguas medidas de atuação que lhe eram impostas. Quer de pronto fazer conhecer a seus discípulos a vida palpitante da natureza na liberdade total de sua legítima atmosfera, fazê-los respirar aquele mesmo e denso oxigênio que circulava no ar livre, límpido, envolto de luzes fugazes e radiosas. Fazê-los sentir o contato imediato, a visão direta, o sentimento estimulado pela surpresa e pelo encantamento do motivo que os envolveria numa convivência indispensável.
Conforme vai dito com grande exatidão neste livro de Carlos Roberto Maciel Levy, em seu capítulo inicial, a paisagem deixava de ser elemento complementar do quadro, contribuição subsidiária, acessório, e ganhava a importância de uma motivação que por si só justificava a obra, constituindo, então. motivo integral e independente. Não mais a contribuição de um fundo, porém presença definitiva. Assim se define o marco que na pintura brasileira ressalta de muito a personalidade consciente e conseqüente de Georg Grimm, professor da Academia Imperial das Belas Artes, dissidente da modorra que ali imperava, separatista ante a atitude do corpo de professores que não aceitava o que tão claramente se impunha. Georg Grimm abandona o velho reduto de submissos aos preceitos gerados através dos mestres franceses e o acompanha o grupo de discípulos mais talentosos. É sem dúvida acontecimento este que afeta sobremodo o status do ensino oficial.
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Inv.: 000695
S.T.: 709.8109034 L54 gru 1980